quinta-feira, 22 de agosto de 2013

BIM e Produtividade

Implantamos o BIM! E agora?

Consequência #1: Impacto na produtividade





Após vencer a primeira etapa de implantação do BIM - que significou pausa na produção, cursos intensivos para a equipe sobre a nova plataforma e acompanhamento do processo por um especialista - não se iluda... sua vida não vai ficar mais fácil. Pelo menos não por enquanto.
É chegado o momento de utilizar o BIM efetivamente e por isso esta fase tende a ser a mais difícil de toda a implantação. De um lado, temos os envolvidos diretos, os arquitetos e engenheiros que estão adotando uma nova metodologia de trabalho e mudando completamente sua forma de projetar; de outro lado estão os proprietários dos escritórios de arquitetura ávidos pelo retorno de seu investimento na implantação. E agora? Como equilibrar esse cenário?






Minimizando as ansiedades. É importante entender que a implantação do BIM ocasiona uma inversão da curva de produtividade em relação à curva dos programas CAD. Em um escritório de arquitetura que utiliza um sistema tradicional 2D/CAD, a maior parte das informações é inserida no final do projeto, demandando mais tempo (e custos!) com revisões de desenhos, compatibilizações exaustivas , isso sem contar os imprevistos. Já no conceito BIM, as informações são inseridas antecipadamente, resultando em um esforço maior nas primeiras etapas de projeto. Assim, algumas soluções, que surgiriam apenas ao final de um projeto CAD, são antecipadas no modelo BIM, tornando a última etapa de projeto bem menos traumática.
É provável que a curva de produtividade nos primeiros meses de implantação não se comporte exatamente como o gráfico acima, pois sofre também com o fato da própria adaptação dos funcionários ao novo sistema e à nova forma de pensar e resolver o projeto. A queda de produtividade inicial tende a diminuir e desaparecer com o aumento do domínio da nova ferramenta ao longo do tempo.

Os benefícios na vida real. Vamos imaginar o seguinte cenário: um escritório de arquitetura está na fase executiva do desenvolvimento de um projeto. Verifica-se a necessidade de uma alteração: mover um pilar 30 cm para a esquerda. Para um leigo parece simples, porém sabemos que em um escritório com um sistema tradicional CAD, essa alteração seria motivo de um desespero generalizado! Provavelmente seria convocada uma força-tarefa para localizar todas as folhas em que esse pilar aparecesse, e então seriam feitas as modificações em todas as pranchas, uma de cada vez. Com o uso de um sistema com conceito BIM, isso seria muito mais simples, pois com uma única alteração no modelo, todas as vistas de documentação, plantas, cortes, elevações, perspectivas e outras, já estariam automaticamente atualizadas.

Felipe Farah , arquiteto praticante do BIM há mais de 7 anos e atual BIM Manager do escritório Provecto Smart Offices, esclarece:

“O ideal é fazer um bom planejamento antes de iniciar o treinamento e de dar o start no processo de transição do sistema convencional para o BIM. Como acontece uma “mudança” considerável no processo, é importante que o treinamento da equipe seja focado no esquema de trabalho da empresa, utilizando seus próprios projetos ou similares que se enquadrem na sua área de atuação. Por exemplo, um escritório que trabalha no setor de arquitetura corporativa tem um foco diferente de um escritório voltado para projetos residenciais. Desta forma, evitamos as dúvidas que não são da ferramenta, garantindo assim o foco do treinamento.
A presença do BIM manager acompanhando todo o processo de transição desde o início é de fundamental importância. É essencial que este profissional tenha experiência na área de atuação da empresa e saiba entender bem todo seu processo de trabalho e suas necessidades antes de iniciar a implantação.  Claro que também é fundamental que o BIM manager tenha o domínio da ferramenta e experiência como usuário, para ter respostas rápidas atendendo assim as necessidade desse momento delicado.
Outro fator, talvez um dos mais importantes, é que a equipe seja receptiva, participe e se motive com essa evolução. Sem dúvida isso acelera e qualifica todo o processo. Pessoas fazem toda a diferença nessa hora ”.

Tempo ao tempo.  Na implantação do BIM a curto prazo, a produtividade do BIM tende empatar com o CAD no que diz respeito ao tempo de elaboração do projeto. O que se ganha é apenas a qualidade superior das informações do projeto. Substituir o CAD pelo BIM rapidamente implica na simples troca de software e não é isso que queremos, certo? Como o objetivo da mudança é obviamente o aumento da produtividade, é melhor respeitar o tempo de maturação e depois tirar proveito máximo do novo conceito. O tempo para uma implantação BIM com qualidade varia em geral de 6 a 12 meses, observando-se as diferenças e particularidades de cada escritório.
Por isso, muito cuidado com a falsa ideia de que a mudança para o BIM trará resultados imediatos na produtividade de sua equipe. O BIM fará sem sombra de dúvida seu escritório mais produtivo e lucrativo, mas apenas a médio prazo, caminhando lado a lado com o próprio aprendizado das equipes envolvidas.


Texto de Bruno Bertozzo/ Co-autoria de Felipe Farah e Silvia Lavagnoli