Implantamos o BIM! E agora?
Consequência #1: Impacto na produtividade
Após vencer a primeira etapa de implantação do BIM - que significou
pausa na produção, cursos intensivos para a equipe sobre a nova plataforma e
acompanhamento do processo por um especialista - não se iluda... sua vida não
vai ficar mais fácil. Pelo menos não por enquanto.
É chegado o momento de utilizar
o BIM efetivamente e por isso esta fase tende a ser a mais difícil de toda
a implantação. De um lado, temos os envolvidos diretos, os arquitetos e
engenheiros que estão adotando uma nova metodologia de trabalho e mudando
completamente sua forma de projetar; de outro lado estão os proprietários dos
escritórios de arquitetura ávidos pelo retorno de seu investimento na
implantação. E agora? Como equilibrar esse cenário?
Minimizando as
ansiedades. É importante entender que a implantação do BIM ocasiona uma inversão
da curva de produtividade em relação à curva dos programas CAD. Em um
escritório de arquitetura que utiliza um sistema tradicional 2D/CAD, a maior
parte das informações é inserida no final do projeto, demandando mais tempo (e custos!)
com revisões de desenhos, compatibilizações exaustivas , isso sem contar os imprevistos.
Já no conceito BIM, as informações são inseridas antecipadamente, resultando em
um esforço maior nas primeiras etapas de projeto. Assim, algumas soluções, que
surgiriam apenas ao final de um projeto CAD, são antecipadas no modelo BIM,
tornando a última etapa de projeto bem menos traumática.
É provável que a curva de produtividade nos primeiros meses
de implantação não se comporte exatamente como o gráfico acima, pois sofre
também com o fato da própria adaptação dos funcionários ao novo sistema e à
nova forma de pensar e resolver o projeto. A queda de produtividade inicial
tende a diminuir e desaparecer com o aumento do domínio da nova ferramenta ao
longo do tempo.
Os benefícios na vida
real. Vamos imaginar o seguinte cenário: um escritório de arquitetura está
na fase executiva do desenvolvimento de um projeto. Verifica-se a necessidade
de uma alteração: mover um pilar 30 cm para a esquerda. Para um leigo parece
simples, porém sabemos que em um escritório com um sistema tradicional CAD,
essa alteração seria motivo de um desespero generalizado! Provavelmente seria
convocada uma força-tarefa para localizar todas as folhas em que esse pilar
aparecesse, e então seriam feitas as modificações em todas as pranchas, uma de
cada vez. Com o uso de um sistema com conceito BIM, isso seria muito mais
simples, pois com uma única alteração no modelo, todas as vistas de
documentação, plantas, cortes, elevações, perspectivas e outras, já estariam
automaticamente atualizadas.
Felipe Farah , arquiteto praticante do BIM há mais de 7 anos
e atual BIM Manager do escritório Provecto Smart Offices, esclarece:
“O ideal é fazer um
bom planejamento antes de iniciar o treinamento e de dar o start no processo de
transição do sistema convencional para o BIM. Como acontece uma “mudança”
considerável no processo, é importante que o treinamento da equipe seja focado
no esquema de trabalho da empresa, utilizando seus próprios projetos ou
similares que se enquadrem na sua área de atuação. Por exemplo, um escritório
que trabalha no setor de arquitetura corporativa tem um foco diferente de um
escritório voltado para projetos residenciais. Desta forma, evitamos as dúvidas
que não são da ferramenta, garantindo assim o foco do treinamento.
A presença do BIM manager
acompanhando todo o processo de transição desde o início é de fundamental
importância. É essencial que este profissional tenha experiência na área de
atuação da empresa e saiba entender bem todo seu processo de trabalho e suas
necessidades antes de iniciar a implantação. Claro que também é fundamental que o BIM
manager tenha o domínio da ferramenta e experiência como usuário, para ter
respostas rápidas atendendo assim as necessidade desse momento delicado.
Outro fator, talvez um
dos mais importantes, é que a equipe seja receptiva, participe e se motive com
essa evolução. Sem dúvida isso acelera e qualifica todo o processo. Pessoas
fazem toda a diferença nessa hora ”.
Tempo ao tempo. Na implantação do BIM a curto prazo, a
produtividade do BIM tende empatar com o CAD no que diz respeito ao tempo de elaboração
do projeto. O que se ganha é apenas a qualidade superior das informações do
projeto. Substituir o CAD pelo BIM rapidamente implica na simples troca de
software e não é isso que queremos, certo? Como o objetivo da mudança é
obviamente o aumento da produtividade, é melhor respeitar o tempo de maturação
e depois tirar proveito máximo do novo conceito. O tempo para uma implantação
BIM com qualidade varia em geral de 6 a 12 meses, observando-se as diferenças e
particularidades de cada escritório.
Por isso, muito cuidado com a falsa ideia de que a mudança para
o BIM trará resultados imediatos na produtividade de sua equipe. O BIM fará sem
sombra de dúvida seu escritório mais produtivo e lucrativo, mas apenas a médio
prazo, caminhando lado a lado com o próprio aprendizado das equipes envolvidas.
Texto de Bruno Bertozzo/ Co-autoria de Felipe Farah e Silvia Lavagnoli
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